"Quer Preto Velho? Pode chamar, faz um café, busque uma vela, faz sua firmeza, Preto Velho trabalha.
Viu Preto Velho Chegando? Senta no banco, pede 'bença' pro nego, levanta a cabeça e começa a falar.
Preto Velho vai embora? Pode cantar o ponto; adeus vovô de fé quando eu precisar te chamo, foi Zambi que te trouxe, é Zambi que vai te levar." São os dizeres de um Preto Velho em um terreiro qualquer.
Viu Preto Velho Chegando? Senta no banco, pede 'bença' pro nego, levanta a cabeça e começa a falar.
Preto Velho vai embora? Pode cantar o ponto; adeus vovô de fé quando eu precisar te chamo, foi Zambi que te trouxe, é Zambi que vai te levar." São os dizeres de um Preto Velho em um terreiro qualquer.
Pensar em Preto Velho é ter a certeza que está protegido, a comparação que faço é a de um Pai ou Mãe que ama seus filhos. Mas, tanto se fala de chegada e Partida, questiono então, onde é a morada de Preto Velho?
É em Aruanda, uma espécie de colônia do astral, onde há conglomerados de falanges espirituais, cada qual com suas atribuições. Um ponto musical que retrata muito bem é: "Caminhos de Aruanda, é que ninguém vai lá, só vai os pretos velhos, que vai lá e torna voltar. ", por certo que ao fazermos a comparação com os ensinamentos de Kardec verifica-se similaridades com as colônias espirituais por ele mencionadas.
Sua apresentação como velho, representa a sabedoria da Umbanda sagrada, traz uma significação do Oráculo orientador, coordenador, aquele que veio para ensinar, mais uma faceta da Umbanda e principalmente do seio de Aruanda.
Basicamente são considerados povo das Almas, atuam na administração de Omolu, mesmo que carreguem bandeira de Guiné, Angola, das Matas e outros, seu habitat é no cemitério, matagais dentre outros lugares, pode-se utilizar de rapadura, fumo de rolo, feijao preto, banana com mel, café sem açúcar, rosas e margaridas brancas, utilizando os seus médiuns das cores Preta e Branca, dentre os aromas estão alfazema, a arruda, alecrim. Os médiuns sentem a vibração corporal integral, em sua maioria é visível a adequação a identidade umbandista, ou seja, voz anciã e linguagem um pouco épica, e também encurvatura corpórea. Sua atuação é em todos os assuntos.
Historicamente Omolubá nos dá uma idéia da formação dos pretos velhos, no livro Doutrina e Práticas Umbandistas, Cadernos de Umbanda, Ícone Editora, página 135, ele menciona "Até o ano de 1900, aportaram no plano astral cerca de oito milhões de almas africanas e seus descendentes. Foi daí que surgiu uma plêiade de negros, anciões em sua maioria, que idealizaram e comandaram um movimento de retorno ao plano físico pela mediunidade. Pretendiam demonstrar, prática e lucidamente, duas coisas: às autoridades da religião dominante que estas careciam de um elemento primacial, religiosidade, e à sociedade brasileira, como um todo, que era possível responder às atrocidades sofridas por mais de três séculos sem violência, desforra nem vingança. "
Nessa esteira, Aruanda foi o reduto de unção, sistema decisivo para criação e surgimento dessa maravilhosa corrente astral. Mas, assim como a própria umbanda, um movimento inicial somente de negros e indígenas, face também ao sistema colonial de eliminação indígena, em Aruanda, ou melhor, na Morada de Preto Velho agregaram-se outros trabalhadores nem só preto, nem só velho.
Morada de Preto Velho | Autor | Médium | Advogado | Agostinho de Siqueira Neto | Pelo espírito de Pai João de Aruanda
Fontes doutrinárias:
#Omolubà, Doutrina e Práticas Umbandistas, Cadernos de Umbanda, Segunda Edição, 2015, Ícone Editora.
#De Almeida, Paulo Newton, Umbanda A Caminho da Luz, Primeira Edição, RJ 2002, Editora Pallas.
#Mirian Prestes, Mirian de Oxalá, Umbanda: Crença, Saber e Prática, Segunda Edição, RJ 2010, Editora Pallas.
#Kardec, Allan, O livro dos Espíritos, Princípios da Doutrina Espírita, oitava edição, 2003, Feb-Federação Espírita Brasileira.